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MERGULHO
domingo, 22 de novembro de 2009
Eu não sei quando é o momento em que nós, por qualquer motivo, decidimos mergulhar dentro de nós mesmos. Não compreendendo a profundidade que nos espera, mergulhamos e, lentamente, afundamos. Sem nenhuma ajuda, estamos presos dentro de nós mesmos e a cada minuto que passa, bebemos mais e mais daquilo que nos preenche.
Isso é aterrorizante. De verdade. É um momento em que nos perdemos, nos esquecemos. Perdemos a direção. Acima de tudo, perdemos o controle. E poucas coisas são tão assustadoras quanto perder o controle de si mesmo.
Na realidade, passamos a vida a acreditar que em alguns momentos estamos no controle. Doce ilusão. Jamais estamos. Mas quando realmente nos damos conta disso, é terrível. É a água que batia nos joelhos que começa a estar muito perto da boca. Não há salvação, é apenas questão de tempo que nos afoguemos em tudo aquilo que somos e que sentimos.
Não sabemos o que virá depois. Isso é perigoso. Ou talvez não. Mas, muitas das vezes, simplesmente não queremos que venha nada.
Eu pelo menos. Há momentos em que eu quero que simplesmente seja como costuma ser. Não quero mudanças, surpresas, acontecimentos. Deixe apenas como está, obrigada. Mas não. Estou em paz com meus pés na areia e de repente tem que vir uma onda para me encharcar daquilo que não quero. Não é bem que não queira. Mas simplesmente estou bem do jeito que estou. E se é para estar melhor, tudo bem, eu também não quero.
Porque mudar dói. E a dor só vale a pena agüentar quando você realmente deseja aquilo. Se você não tem certeza, esqueça. Não compensa a dor se você realmente não tiver certeza daquilo. Na verdade, certeza é uma coisa que não existe. Certo. Se você não puder acreditar de todo e com todo o seu ser, não vale a pena a dor. Melhor assim.
E se você decide não sentir a dor da mudança, você sente a dor da não-mudança. Passa, é claro. Vai embora, sem dúvidas. Mas enquanto está em você, não é algo que se dê vazão.
E quando eu digo mudar, não sou eu ou você mudando pra ser alguém melhor ou, simplesmente, diferente. Não é como alguém mudando pra ser mais paciente ou mais corajoso. É alguma coisa que é muito sua te dar a possibilidade, mesmo que momentaneamente, de mudar. E seria indiscutivelmente bom se, junto com essa possibilidade, não viesse a chance de perder. De perder o que você não quer perder. O que você quer pra si e acabou. E que você tem. Pior do que perder aquilo que você não tem e quer ter, é perder aquilo que você tem. Deve ser assim.
Eu só queria esquecer. Ou fugir. Ou os dois. Simplesmente me esconder e fazer sumir tudo dentro de mim. Eu queria ser mais forte, mais corajosa. Queria não me abater a cada onda. Queria ser mais resistente. Mais firme. Aí sim eu aceitaria a mudança. Mas não sou. E somos como somos.
Então, provavelmente, eu só espero o momento de deixar isso na água que existe em mim, esperando que assente no seu leito ou que seja carregado por suas ondas.
Eu só não queria a possibilidade. Não queria ter que esperar pra ver, como se realmente fosse algo que pudesse vir. Eu só não queria que fosse diferente. Não queria. E não quero. E só espero que a vida possa compreender isso, porque enquanto eu tiver forças, eu não vou me afogar. Ou pelo menos espero que não.