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não exato.



algo sobre a inexatidão ;



O DIFÍCIL DO AMOR

sábado, 15 de agosto de 2009

“Não se ama por ser fácil, ama-se porque é preciso”

Já ouvi mais de uma vez que amar é difícil. E já disse também mais de uma vez. Mas parando pra avaliar, acredito que amar não é difícil. Amar, por si só, faz parte de nós, é quase um instinto, uma reação natural. Arrisco a dizer que algumas vezes o amor é fruto do egoísmo, mas não que isso seja ruim. Fruto do nosso egoísmo porque amamos o que desejamos, amamos o que nos faz feliz, amamos aquilo que precisamos. Algumas vezes, o amor é amor por si só, amor universal, intenso e verdadeiro, por tudo aquilo que é e que existe. Vivemos alguns sentimentos que acreditamos que não podem ser nada além de amor e muito provavelmente o são. Mas a questão que realmente parece difícil é fazer um amor dar certo.
Não é bem que amar seja difícil. É que amar requer mais que... amar. Porque amar requer entender, requer concessões, requer abrir mão da utopia e abraçar o real, requer aceitar os defeitos e, mais que isso, amá-los tanto quanto amam-se as qualidades. Amar requer se perder em benefício de alguém ou de algo e se sentir completo mesmo assim. Amar requer tempo, paciência, compreensão, respeito.
E justo por termos um lado egoísta dentro de todos nós, isso é difícil. Porque amor é espera, é paciência, é plenitude. Amar, acima de tudo, é correr riscos. Risco de não ser correspondido. Risco de não dar certo. Risco de acabar. Porque, eis a novidade, amor também pode acabar. Não é que venha com prazo de validade, mas quando amar inclui apenas amar, o amor torna-se, via de regra, inviável.
Amar é mais simples do que acreditamos. É mais simples do que preferimos acreditar. Ao dizer que amar é difícil, criamos uma barreira invisível e instantânea e damos menos do que o nosso melhor, diante da dificuldade que nós mesmos inventamos. Criamos desculpas para não amar. Desculpas para não fazer tudo que podemos por um amor. Desculpas para não sofrer, mas, principalmente, desculpas para poder dar desculpas.
Acredito que, disso tudo, o mais fundamental de amar é a vontade de amar e acreditar que pode dar certo. Não é que não haverá dificuldades, problemas, questões, dúvidas. Obstáculos surgirão, mas estão lá justamente para serem transpostos. E quando se ama, luta-se, porque o amor dá forças.
A dificuldade de amar está em nós. Nada além disso.

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DESCONTROLE

sábado, 1 de agosto de 2009

“- Eu finalmente perguntei por que gostava de assistir os filmes que já tinha visto. E você lembra o que disse?
- Gosto de saber como as coisas serão.”

Decidi começar o post de hoje com um diálogo de uma das séries que eu assisto e que me fez parar pra pensar em como queremos estar no controle das coisas. Queremos saber “como”, “quando”, “onde” e “por que’’.
Estar no controle implica segurança. Sabemos onde vamos pisar e o que devemos fazer. Sabemos, inclusive, se devemos ir adiante. Ter o controle perfeito das coisas é seguro e racional e erros (e acertos) dependerão apenas da gente. Mas isso, em se tratando da vida, é impossível.
Podemos planejar, imaginar e tentar prever, mas tentar controlar absolutamente tudo é humanamente impossível, ainda mais caso se trate de algo que envolva mais do que nós mesmos.
Acredito que cada um de nós seja um universo e controlar múltiplos universos não me parece ser plausível. Aliás, controlar nosso próprio universo não é muito viável, já que, por vezes, o que pensamos, o que sentimos e, acima de tudo, o que queremos está além, muito além, do que podemos controlar. Ou do que pensamos que podemos.
Imagine, então, querer controlar o outro. Controlar seus pensamentos, seus sentimentos, suas vontades e seus desejos. Mais que isso, imagine querer controlar a vida e suas situações, o destino e suas decisões, tudo aquilo que acontece e não depende da gente e de que não temos culpa. Não temos culpa, inclusive, porque não controlamos, fogem do nosso alcance e podemos apenas parar e assistir.
Acho que esse é um dos muitos pontos positivos em não controlar: se controlássemos todas as coisas, seríamos culpados por absolutamente tudo. E a culpa é um fardo muito grande para carregarmos, dentre tantos que já possuímos e que às vezes carregamos com certa dificuldade.
Não digo que eu não quero algumas vezes – ou até mesmo muitas vezes – controlar tudo, porque, sim, eu quero. Em muitos momentos gostaria que tudo dependesse de mim, porque há momentos em que nossa própria vida sai do nosso controle e isso nos desespera. Não sabemos para onde ela irá e, se der errado, não saberemos a quem culpar. E assumiremos uma culpa que sabemos não ser nossa. Sim, assim como todo mundo, eu também quero ter plenos controles sobre tudo em algumas vezes. Mas achar que essa é a única maneira de ser feliz e de ter sucesso, não só é equivocado, como põe tudo a perder.
Somos donos de nós mesmos, do que faremos, das nossas decisões e de por quais batalhas lutaremos. Isso eu concordo. Mas é só isso. O que virá disso tudo é um conjunto de nossas escolhas com as escolhas alheias e um toque da própria vida, encaminhando tudo isso ou levando para outro lado. E é assim, a vida é assim e querer que isso seja diferente de qualquer maneira é lutar contra o que já entra com a vitória na batalha. É, acima de tudo, desperdiçar a chance valiosa de ser feliz e que não pode ser desperdiçada.
Podemos assistir aos filmes que tanto amamos milhares de vezes, podemos gostar daquilo que conseguimos controlar, mas não devemos querer estar no controle do que não deve ser assim. Devemos ser felizes. É isso que nos cabe e isso não inclui adivinhar ou controlar, porque viver é não saber. E não há erro em não saber. Errado é não querer aprender.

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